Operação Vingança (2025) 3 Estrelas

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Estreado no Brasil em abril de 2025, Operação Vingança, dirigido por James Hawes e estrelado por Rami Malek, tenta reinventar o arquetípico thriller de vingança com um protagonista cerebral no centro, mas cai em armadilhas narrativas que comprometem sua coerência emocional e dramática.

Enredo: ambição informal, estrutura desordenada

A narrativa acompanha Charles (Malek), um criptógrafo da CIA que, apanhado pelo luto após a morte da esposa num ataque terrorista, decide chantagear seus superiores para ser treinado e vingar-se por conta própria. Embora baseada no romance de Robert Littell, a adaptação sofre com excesso. São dez roteiristas creditados, resultando em uma trama fragmentada, repleta de subtramas desconectadas e ritmo irregular.

Atuação: Malek contido, mas pouco envolvente

Rami Malek entrega uma performance comedida, adequada à lógica do personagem—um outsider intelectual forçado ao campo físico. Mas essa contenção muitas vezes soa preguiçosa ou apática, sem demonstrar empatia real nem evolução emocional. A química com Rachel Brosnahan é praticamente inexistente, e muitos personagens coadjuvantes (Fishburne, Bernthal, Balfe) surgem para quase nada, sendo frequentemente descartados sem propósito narrativo claro.

Estilo visual e tecnologia: pretensão sem substância

A direção de Hawes aposta numa paleta sombria e austera, com locações em Istambul, Londres e Paris que sugerem um thriller internacional sofisticado. Mas o resultado carece de dinamismo: cenas de ação e confrontos, como a da piscina ou do iate, surgem como lampejos interessantes num mar de vazio emocional. A tentativa de atualizar a espionagem ao incluir drones, reconhecimento facial e hacking soa superficial — mais adorno do que engajamento real com questões tecnológicas.

Tensões não resolvidas e clichês reciclados

O arco de vingança se desenrola de forma previsível, sem surpresa ou ousadia. Mesmo as reviravoltas mais dramáticas não geram impacto, porque há falta de densidade emocional desde o princípio. Elementos de crítica política — corrupção da CIA, populismo, supremacia branca — surgem como presenças pontuais sem se desenvolverem como temáticas relevantes.

Méritos e falhas: tensão modesta com estrutura frágil

Alguns aspectos ainda são apreciáveis: a transformação gradual de Charlie em justiceiro amador, a tensão contida em certas sequências, e uma trilha sonora eficiente ajudam a sustentar o interesse momentâneo. Para o público que busca um thriller funcional, sem grandes ambições, pode haver certo entretenimento. Mas, num elenco e orçamento de alto calibre, o filme entrega muito menos do que promete.


Veredito final

Nota crítica: 5 a 6/10
Operação Vingança acerta ao tentar subverter o herói tradicional com um protagonista cerebral e vulnerável, mas falha na execução. O excesso de roteiristas gerou um filme desarticulado, e a atuação de Malek — por mais contida — falta carisma e impacto. Subtramas mal exploradas, clichês repetidos e uma narrativa que se esforça por profundidade, mas desfalece em coerência, transformam a promessa de um thriller sofisticado em uma experiência mediana, por vezes exaustiva, e que dificilmente será lembrada como marcante em 2025.

Se buscava-se inovação no gênero, o filme decepciona. Para quem quer apenas uma distração ponderada, pode cumprir essa função — mas sem deixar resquícios de relevância.