Baseado em caso real, longa investiga fé, exorcismo e trauma com atmosfera densa e abordagem respeitosa.
O Ritual, novo suspense sobrenatural que chegou aos cinemas neste mês, traz à tona um dos casos mais documentados de exorcismo do século XX: o da jovem Emma Schmidt, possuída por entidades demoníacas em 1928, nos Estados Unidos. Com direção de David Midell e atuação marcante de Al Pacino, o filme reconstrói os fatos sob uma perspectiva intimista, evitando exageros e explorando profundamente o conflito entre fé e razão.
Inspirado por registros históricos e orientações teológicas, o roteiro acompanha dois padres com passados distintos: um mergulhado em crises de fé, o outro traumatizado por experiências anteriores. Unidos pela missão de salvar a alma de Emma, eles confrontam forças sobrenaturais enquanto também enfrentam seus próprios limites espirituais e emocionais.
A atuação de Al Pacino, no papel do Padre Theophilus Riesinger, é um dos grandes destaques da obra. Com expressividade contida e vigor dramático, o ator entrega um personagem denso e crível, movido por fé, mas consumido pelo peso da responsabilidade. Ao seu lado, o jovem ator Mickey Rourke Jr. também surpreende ao interpretar o sacerdote auxiliar, refletindo a juventude em conflito diante do mal absoluto.
A produção acerta ao construir um clima de tensão constante, privilegiando o terror psicológico e a sugestão em vez de cenas explícitas. A ambientação em tons escuros, a trilha sonora com cânticos sacros e o uso frequente do silêncio criam um clima de inquietação e reverência. Há uma clara intenção de respeitar a tradição religiosa, sem sacrificar a força narrativa — um equilíbrio raro no gênero.
Em uma das cenas mais impactantes, transmitida inclusive ao vivo durante a exibição de pré-estreia na Tailândia, moradores são mostrados buscando abrigo em estruturas de concreto ao som de explosões — uma referência simbólica à devastação emocional causada pelas forças do mal no filme.
O Ritual tem recebido elogios de veículos religiosos e especializados. Publicações como Religion Unplugged, Movieguide e Catholic Review ressaltaram a fidelidade aos rituais católicos e o cuidado com que o exorcismo é tratado na obra, longe de espetacularizações.
Com produção da Angel Studios, mesma produtora de Sound of Freedom, o filme também busca alcançar o público cristão, sem deixar de dialogar com cinéfilos interessados em temas espirituais. Em entrevista ao portal UAI, David Midell afirmou: “Nosso objetivo não era apenas assustar, mas também provocar reflexão sobre fé, perdão e humanidade.”
O Ritual é mais do que um filme de exorcismo. É uma experiência que convida o espectador a mergulhar nas profundezas da alma humana, onde a batalha entre bem e mal não acontece apenas no plano físico, mas principalmente no íntimo. Uma obra que respeita a inteligência e a sensibilidade de seu público, ideal para quem aprecia terror com propósito e densidade.
Merece nota máxima: 5 Estrelas